segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Rosana

Os vizinhos provavelmente se empertigaram com o estampido provocado ao fechar a porta. Já era madrugada. Muito embora esse pensamento me ocorresse naquele momento - eu não me importava. Cravei meus dedos no pulso de Rosana com fervor. Ela sorria. A pele de um moreno que me remetia à madeira bem lustrada era como um convite. Seu corpo todo me chamava em uníssono. Mas havia silêncio. Um silêncio de compreensão mútua. Era como se aquela mulher previsse e desejasse cada um dos meus movimentos. Desejo cru. Quando a virei para mordiscar a nuca escondida pelos longos cabelos de caracol, ela envolveu meus braços sobre sua cintura, ensinando-me como explorar cada ponto sensível em seu abdômen. Respiração descompassada. Não poderia deixá-la com o controle, essas coisas devem se alternar. Girei-a e colei nossas faces confrontando os lábios sedentos. Senti sua língua ganhando vida e desejando explorar o além-boca. Não permiti. Avancei primeiro, desbravando aquela cavidade que me confundia as sensações. Era paladar? Tato? Sei que era dança, em passos que pareciam ensaiados por toda uma vida de paixões intermináveis. A música de suspiros – agora menos envergonhados - nos conduziu ao sofá. O leito da consumação. E cada peça de roupa que eu descolava de seu corpo, ora com a mão, ora com os dentes, era como estar cada vez mais próximo de encontrar o âmago daquela personalidade que me enfeitiçava. Ela compreendia, sabia o poder que detinha. Libertava-me da carcaça. Ali, eu me configurava como um verdadeiro animal. Corpos nus em contato, livres de preceitos, entregues à condição biológica de instintos e impulsos. Rosana... Nem despida me parecia frágil! Sua forma não era seca. Era professora, não modelo. E na maneira como ela exibia sua intimidade residia grande parte do meu êxtase. Fitava-a em sua condição primordial, analisava suas máculas e cada imperfeição era capaz de lançar ao ar sinceros gemidos de prazer. O divã não suportava aquela explosão de sensações. Tombamos, sem dor, no tapete ao seu lado. “Não se mova”, ao pé do ouvido. Beijei, mordi, lambi, arfei, senti o suor brotando de suas contrações agora violentas. O cheiro... Na tentativa de oferecer um antro de prazer, fui vítima de minha própria ambição. As volúpias eram mútuas. Diante disso, o tempo parecia nos dar uma trégua. Na atmosfera, o prelúdio do ato que no pensamento fingia se esconder. O seu ventre pulsava. A anatomia se mostrou receptiva ao permitir o encaixe perfeito. As zonas de maior prazer em contato. Em atrito. A dança em seu clímax. A sinfonia de uma sexualidade sem falsos pudores, apalpada e degustada para que se retirasse dela o que havia de mais hedônico. Os movimentos não-ritmados das peles em chamas. As vogais entoadas aos gritos! Onde dois se fazem um. E se fazem dois, e se fazem um...

3 comentários:

  1. Ameeeei "A pele de um moreno que me remetia à madeira bem lustrada era como um convite". <3 Sempre progredindo, hein oni?

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  2. Que lindo moço... Continue assim que você vai longe!! Parabéns!!! :]

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  3. ' Desejo cru.'

    'Desejo cru.'

    UAU. ! fantastiico Gui.

    sem comentarioos..

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