Ode aos desejos dos homens, às volúpias dos homens. Comemoremos a selvageria das vozes, das declarações de barro e dos heróis de pó. Comemoremos com vinho e melancolia. Com a embriaguez surda do cotidiano. O amor passageiro, o choro noturno e notívago e sonâmbulo e sozinho, o suspiro da fé do andarilho sem chão – sem pernas. Daremos as mãos, mas não há unhas: garras, e nas garras: dor. Talvez nos encontremos peça de alguma história triste, tragédia imensurável; talvez nos encontremos tragédia de uma peça maior. Dos beijos que se descarnam quando as luzes da cidade morrem, escorrerão as salivas de outros, e passados outros, ansiando futuros muitos. O sangue que escorre do punho desferido no arame é uma gota desperdiçada nesse cosmos indiferente. Sentemos nos bancos de praça a observar crianças, e aprender os sorrisos fáceis da inocência que se esvai. E o ar que sopra nos ouvidos sempre traz uma mensagem derradeira, de uma música já finda no início, bulida em notas de aves e insetos. As flores permanecem vigilantes enquanto amassamos o chão com dilemas exauridos. Sobretudo, que venham as estações! E nas folhas de marrom-morte que acumulam os passeios do outono, vejamos o renascer de um ciclo em que a tristeza é também professora. Que façamos das nossas ações barca de altruísmo, e das nossas palavras o conforto do outro. O tempo do homem é medido em correntes de palavras e elos de ausência. O outro, o desafio maior. A maior necessidade dessa pessoa que lamenta, pois um abraço não se faz com um par de braços. Dois. Saibamos ser cinza, e ser fogo, e brasa, e lenha... Que haja força para os músculos correrem até os tesouros de nossas vidas, para os perdões que o orgulho encarcera, para os grilhões que a inapetência constrói nos covardes de alma. Que venha o avesso a cada pessoa machucada por nossos ataques, intencionais ou não. Reviremos o avesso quando no espelho a imagem parecer distorcida, e os desejos e vazios já não produzirem respostas. Quando no estômago perambular um restolhar gélido indecifrável. E que no afago haja compreensão, e não ânsia de engrandecimento, fome de completude. Que a amizade e o amor, estações distintas de uma mesma essência, sejam a flor colorida do mais tenro sentimento humano: a preocupação. A candura primordial. Flor, pra além do fruto. Um brinde a arte dos homens, sobretudo a arte escondida nas sombras de artistas tristes. E a grande árvore de raízes crepitadas abandona a seiva, e se despede da última folha corajosa...
E os Mantras de Outono se dissolvem no tempo, abraçando a morte.
Pô, cara... Um vez você disse que eu tinha talento, apesar de você não ser muito chegado na poesia. Eu te digo o mesmo: você escreve como ninguém, vai enrolando o lirismo nas suas prosas e confundindo o leitor, usa muito sabiamente as palavras. Você não escreve contos, nem crônicas, você escreve com a vagarosidade que a vida possui. Me encantam as suas palavras.
ResponderExcluirPor quê?
ResponderExcluirSempre digo: o melhor escritor do mundo. Não há como descrever a falta que seus contos farão.
ResponderExcluirÉpico!!!
ResponderExcluirFico feliz com o sucesso do blog. Como disse a Júlia, vão fazer falta as atualizações. Mas como tudo termina, muita coisa começa. E estou ansioso pra ver quais serão seus próximos trabalhos. É o que se espera de um artista. Aposto que esse blog te deu experiência e inspiração suficiente que só vc saberia aproveitar. Aposto pq não é seu primeiro blog q acaba, e sei que quando acaba um blog, vc não termina sua arte. Abraço!
Um conto poético, achei. Gostei muito *-*
ResponderExcluirInevitável não ler ele procurando de vestígios desse fim. Concordo com o Igor e estou ansioso já para os novos trabalhos!!! Adorei e conto e certamente adorarei sempre seus trabalhos. O jeito único de descrever um pouco de cotidianos imaginários, dar cores e vidas que nenhum outro autor conseguiria dar.
Um grande artista! Um brinde à sua arte. =DD
abraç!!!!
eeeeeeeeeeeeeee hehe
Mais um texto incrível como teu talento!
ResponderExcluirEu já devo ter dito umas milhares de vezes o quão sou apaixonada pelo seu jeito de escrever, mas não me canso de repetir!
Obrigada por essas palavras nas quais muitos leitores mergulharam e ficaram fascinados.
Uma pena não poder ver mais atualizações no Mantras, mas, de qualquer forma, aguardo ansiosamente por um recomeço, mesmo que não seja aqui.
Até mais.
nós que agradecemos, bro! ;)
ResponderExcluiraté a próxima...
o/
Mais uma obra incrível de um criador incrível.
ResponderExcluirNão sabe o quanto me apaixonei pelos textos, um em seguida do outro.
Irão fazer muita falta, meu caro.
Deixo o meu abraço, e o meu sincero agradecimento, pelas críticas, pelos elogios, pelo seu tempo, pelos seus textos, pela sua arte.
E em meio as folhas de um próximo outono, talvez, eu me sinta tão inebriado quanto já estive por estar aqui.
Um singelo abraço e um grande desejo de boa sorte a você.
A Criança.
uma pena encerrar com o blog.
ResponderExcluirmas os escritos continuarão, isso é importante.
abraço, caríssimo.
querendo manter contato, basta procurar o perfil no facebook - deixei o link em uma das postagens. abraços!
É uma pena não poder acompanhar mais seus escritos por aqui. É um cantinho tão gostoso. Mas espero, de coração, que você compartilhe seus trabalhos comigo, assim, uma vez ou outra que queira.
ResponderExcluirSucesso, Gui!
Tenho certeza, que a sua escrita não termina aqui. E você deve saber melhor do eu o porque de estar encerrando o blog, então, fica assim..
ResponderExcluirBoa sorte! O "Mantras de Outono" com certeza foi um dos melhores blogs que eu ja li! ficaremos todos com saudades dos seus textos, que muitas vezes deixou gotas aos olhos dos corações de quem sente.
Parabéns pelo belíssimo blog! (:
Encontrei teu blog no facebook, e estou seguindo.
ResponderExcluirhttp://iasmincruz.blogspot.com/